quinta-feira, 30 de agosto de 2012

De perto ninguém é normal!


"As pessoas que estavam dançando foram consideradas loucas por aqueles que não podiam escutar a música" (Nietzsche)


     Escrevo sobre isso hoje porque me preocupam as crianças cheias de rótulos. O exemplo da loucura é apenas uma das possíveis ilustrações, mas os rótulos são muitos.
     É muito fácil dizer que alguém é louco ou desequilibrado. Basta que esse alguém faça algo inesperado. Então, aqueles que se incomodam com o inesperado desejam um diagnóstico que possa definir a pessoa "louca" dentro de características que a ciência tenha listado. Mas, de perto ninguém é normal!

     Um diagnóstico não define uma pessoa e como é sua vida. Pode até dizer muito, mas não diz tudo. Por exemplo, quando uma pessoa é conhecida como louca, tudo o que ela faz é atribuído à sua loucura:
Se ela caminha longas distâncias descalça, é porque é louca;
Se ela é boa em artes, é porque "os loucos costumam ter dom pra essas coisas";
Se ela fala alto, é porque precisa abafar as vozes que falam com ela... 

Mas quem se der a oportunidade de conhecer de perto, saberá outras coisas, talvez...
...ela andou descalça porque os sapatos estavam machucando, o lugar aonde ia era longe e estava sem dinheiro para o transporte; 
...ela é boa em artes porque foi uma das poucas formas em que permitiram que ela se expressasse;
...ela fala alto porque está sendo difícil ser escutada como pessoa.

     Não deixe que um diagnóstico feche seus olhos de forma que você deixe de enxergar a pessoa que existe por trás do rótulo.

Indicação de leitura: Os Anjos de Zabine - um ensaio psicoterapêutico sobre a loucura

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dia do Psicólogo

Saudações terapêuticas a todos que compartilham conosco, psicólogas (os) um pouco de suas vidas, medos, desejos, conquistas, segredos... sua confiança é um material com o qual nosso trabalho se torna possível.


Para celebrar a escuta e o acolhimento, importantes ferramentas da psicologia, saúdo a todos e deixo o convite: deixe aqui a sua fala sempre que quiser, 
ou entre em contato por e-mail: leticiaregia.psi@gmail.com.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

RELAÇÕES AMOROSAS


    


O que leva um casal a buscar ajuda na psicoterapia?

Os motivos são variados, mas acredito que uma das principais razões é buscar soluções para salvar o amor que ainda exista entre os casais. Também, aparar os espinhos que vão se criando ao longo da relação. É criar possibilidades de sair do cotidiano que geralmente arrasta para o fracasso da convivência. Portanto, existem inúmeros motivos que podem fazer com que as pessoas busquem ajuda, mas, para mim o mais importante é o amor.

 Spangenberg, (2006/07) fala que o amor é o único agente curativo que é capaz de reparar as feridas de nossas almas e que o trabalho de transformar, e ter paciência para construir um vínculo, onde esse amor possa expressar, é a grande arte da psicoterapia.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Vínculo Materno na hospitalização infantil

     Você já foi internado(a) ou teve alguém muito próximo sendo hospitalizado? Conheço de perto várias facetas dessa situação. Já estive internada, já fui acompanhante e também já acompanhei acompanhantes e crianças em internação. Posso dizer que é um momento delicado, independente da gravidade da doença (que às vezes nem se sabe qual é).

   O hospital é um ambiente diferente tanto para a criança quanto para sua família. Ocorre um afastamento da vida que a criança está acostumada, além de ser um lugar aparentemente ameaçador (agulhas, curativos, exames dolorosos, sangue, etc.). É comum que as crianças regridam, parecendo mais manhosas, infantis ou irritadas, porque estão precisando de uma atenção especial. Uma forma de tornar a internação menos desagradável é dar segurança à criança com a presença dos familiares e principalmente da mãe.
     O vínculo materno é a relação que é construída entre a mãe e o filho. As mulheres não nascem sabendo como ser mães, mas elas aprendem também na relação desenvolvida com seus próprios filhos. Manter-se próxima do filho é muito importante para formar e reforçar o vínculo afetivo, que requer tempo, amor e compreensão. É importante lembrar que os pais também podem estabelecer vínculos afetivos com seus filhos, e a medida do possível participar dos cuidados com a criança e oferecer suporte para que a mãe assuma os cuidados quando for preciso. Por isso pais experimentem:

“A mãe é capaz de atender às necessidades da criança se ela se sente amada em sua relação com o pai da criança e com a própria família” 
(Winnicott, 1999).


(para ampliar é só clicar na figura) Dicas:

Referências:
PINTO, Júlia Peres. BARBOSA, Vera Lúcia. Vínculo materno-infantil e participação da mãe durante a realização da punção venosa: a ótica da psicanálise. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2007, vol.15, n.1, p. 150-155
Portal Nacional de Saúde – Unimed do Brasil.
Winnicott, D. W. (1999) Os bebês e suas mães. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes

Agradeço à Rita de Cássia do N. Bastos na parceria de rondas hospitalares e nas experiências riquíssima que vivemos para a elaboração desse material.

Letícia Vitorio

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Crianças também enfrentam problemas

     Dificuldades na escola, problemas de relacionamento, ansiedade, nervosismo, medo exagerado, a chegada de um irmãozinho novo, a perda de um parente próximo, gastrite nervosa, falta de convívio com os pais, separação, mudança de cidade ou escola, uma doença repentina, internação, dores sem explicação, violência escolar... UFA!... às vezes ser criança não é tão fácil quanto pode parecer para alguns.

     Assim como na vida dos adultos, para as crianças, problemas podem ser superados. Elas são capazes de aprender e ensinar muito com o que vivem. Uma das formas de possibilitar isso é a psicoterapia infantil. Trata-se de um espaço feito para acolher e dar voz às crianças. Muitos se espantariam em ver como uma criança pode ser capaz de falar a respeito de seus problemas, com tamanha maturidade e consciência, desde que ela tenha um espaço para isso. Usam suas metáforas, seus personagens, seus desenhos, suas brincadeiras e por meio de uma linguagem cheia de significados elas falam... também contam segredos, pedem ajuda, demonstram suas dificuldades, compreendem o que está acontecendo e aprendem.
   
     Há quem pense que as crianças vão ao consultório brincar. Mas os jogos, brincadeiras e atividades lúdicas servem a propósitos importantes e são ferramentas que permitem que o psicólogo se aproxime, observe e entenda como a criança lida com assuntos diversos. Se você ainda não parou para observar, preste atenção na vasta gama de habilidades que você mesmo pode ter aprendido (ou praticado) jogando. Eu aprendi questões básicas de lógica jogando cara-a-cara; entendi que não posso comprar tudo o que dá vontade jogando banco imobiliário; percebi que às vezes é preciso ser estratégica jogando settlers of catan, descobri o poder de comunicação da linguagem corporal jogando imagem & ação.
    
     Imagino que adultos também poderiam se beneficiar se os jogos fossem utilizados em suas sessões terapêuticas.

     Assim como no caso dos adultos, as mais diversas questões podem ser trabalhadas em contexto de psicoterapia infantil. Se você tem dúvidas sobre como é a psicoterapia infantil, quer saber mais a respeito ou gostaria de levar seu(a) filho(a) a um profissional, entre em contato, mande um e-mail ou deixe um comentário que ficarei feliz em ajudar como puder.


e-mail: leticiaregia.psi@gmail.com

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ser terapeuta


     Quero falar do privilegio maravilhoso que é ser terapeuta. Maravilhoso, porque nos dá a oportunidade de poder estar num lugar como autoridade para ajudar o outro,  nos colocar no lugar do outro, nos doar para o outro. Por podermos ter a chance de ser mais humanizados. É saber não ter preconceitos, é não impor ideias rotuladas e alienadas, é perceber que cada pessoa é um ser singular, em movimento, em construção continua, é entender que cada um tem maneiras próprias de transitar pela vida. É saber respeitar o outro e principalmente é ser instrumento de acolhimento, é aceitar e dar atenção, estar atento, inteiro, é escutar.
     Afinal, quem nos procura é aquele que nos elege para partilhar com ele toda sua complexa experiência de viver, nos escolhe também para participar com ele das questões conscientes e inconscientes, enfim, da sua intimidade, da sua história.
     Por outro lado ser terapeuta nos faz visitar nossa própria história, nossas experiências, perceber nossas fragilidades, nossas dores, falhas, desejos, alegrias, vitorias, é muitas vezes ter a oportunidade de reivindicar nossos direitos de viver intensamente, sem pensar que temos o dever de dar conta.
     Portanto, para ser terapeuta e dar conta dessa profissão é necessário ser inquieta e sensível. Por que é essa inquietude que nos move e a sensibilidade nos faz diminuir o passo para escutarmos com atenção, segundo Juliano. Eu diria mais, para sermos terapeutas devemos antes de tudo amar e amar com profundidade aquele sujeito que se apresenta diante de nós.

Lana Guimarães

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Déficit de Atenção?

     Quem nunca ouviu falar sobre Déficit de atenção (DDA)? Muitas crianças têm recebido o diagnóstico e podem estar sendo medicadas sem necessidade. Alguns comportamentos "indesejados" que as crianças apresentam podem ser a demonstração de que elas estão enfrentando problemas. Por isso, antes de partir para a medicação, procure saber qual é o problema que deve ser resolvido e quais são as opções (psicoterapia, psiquiatria, diálogo familiar ou de tudo um pouco?) O uso de medicação pode até acabar com os sintomas, mas como saber se as causas ainda permanecem? Se elas não sumirem o uso da medicação será permanente?
     Uma das formas de lidar com o problema é procurar orientação profissional. Psicólogos e psiquiatras podem te ajudar.


     Se você desconfia que uma criança tem déficit de atenção, procure a orientação de profissionais e leve o máximo de informações relevantes. Observe alguns sinais que podem ajudar os profissionais a entender qual é o problema:
  • A criança é incapaz prestar atenção durante um tempo razoável? Observe outras crianças da mesma idade para ajudar na comparação. Mas não se esqueça que as crianças são diferentes. Fique atento às diferenças que prejudicam.
  • Faz coisas impulsivas? (age de um jeito que ninguém esperava, fora de contexto)
  • Ele(a) corre, escala, fala sem levar em consideração o que é apropriado para a situação?
  • Demonstra ter problemas consigo mesma, socialmente e na escola?
  • Tem dificuldade em terminar o que começa?
  • Tem dificuldade em esperar a sua vez (filas, jogos, hora de falar)
  • Parece não parar quieta pra nada? (preste atenção se a criança pára quando está fazendo algo que gosta)
Fontes: HOLMES, DAVID S. Psicologia dos transtornos mentais (1997) Artmed, São Paulo e DSM IV

Dica: escreva uma lista em tópicos sobre o que você observou e na hora da consulta tenha a lista em mãos. As ocasiões em que os comportamentos acontecem e a frequência deles também podem ser informações relevantes. Assim, você ajuda o profissional e não corre o risco de esquecer coisas importantes. Se tiver perguntas a respeito do tratamento ou do diagnóstico, anote também e pergunte.

     Se receber informações muito diferentes de um profissional para outro, saiba que a situação do déficit de atenção ainda é polêmica e por isso destaco a importância de um diagnóstico bem feito para evitar o uso abusivo de medicação.

Quer saber mais?A polêmica do déficit de atenção - usar medicação ou não?
IPDA - Instituto Paulista de Déficit de Atenção - para pais, professores e profissionais
8 sinais para ficar atento! - questões importantes para o diagnóstico